A engenharia sempre reconheceu a existência das imperfeições e trabalho com tolerâncias. Tolerância é o termo que define o grau de aceitação diante da imperfeição. Assim, qualquer tolerância deve ser somente definida para determinada aplicação, processo e material utilizado.
Entende-se por imperfeição toda e qualquer diferença em relação ao projeto da peça. A diferença entre os valores nominais (valores prescritos em projeto) e os valores reais (medidos na peça soldada) descrevem a impossibilidade de alcançar as expectativas em determinado cenário. Essa é a medida da imperfeição. As imperfeições são inevitáveis em engenharia, mas nem todas devem ser tratadas como inaceitáveis.
As imperfeições serão consideradas defeitos, ou seja, inaceitáveis, somente se superarem determinados limites, fixados pelo projeto da peça com critérios de aceitação de acordo com normas.
À primeira vista, por se tratar de um processo que envolve temperaturas extremas, são geradas imperfeições que podem ser agrupadas em três categorias:
Imperfeições dimensionais;
Na solda;
Na peça;
Descontinuidades;
Imperfeições nas propriedades do material.
Esse artigo abordará o as imperfeições tratadas como descontinuidades, enquanto os demais serão tratados posteriormente nos próximos artigos.
Descontinuidade é uma interrupção na estrutura física típica de um material, que altera bruscamente suas propriedades. Assim, a simples variação das propriedades não caracteriza uma descontinuidade.
Entre as descontinuidades relacionadas ao processo de soldagem pode-se citar:
Falta de Penetração:
Ocorre quando a raiz do cordão de solda não atinge a raiz da junte a soldar a superfície oposta na peça. Para corrigir esta descontinuidade, pode-se aumentar a corrente, diminuir a velocidade de soldagem, ou alterar a geometria da junta.
Falta de Fusão:
Ocorre com a falta de fusão localizada, seja na borda da junta ou na face do cordão depositado anteriormente. Para corrigir esta descontinuidade, pode-se aumentar a corrente, diminuir a velocidade de soldagem, alterar a geometria da junta ou utilizar algum artifício para evitar o sopro magnético.
Mordedura:
Esse tipo de defeito reduz a resistência da solda e das peças de trabalho.Uma das razões para esse defeito é a corrente excessiva, fazendo com que as bordas da junta derreta e drenem para a solda;isso deixa uma impressão semelhante ao dreno ao longo do comprimento da solda.Outro motivo é o uso de uma técnica inadequada que não deposita metal de adição suficiente ao longo das bordas da solda.Um terceiro motivo é o uso de um metal de adição incorreto, pois criará gradientes de temperatura maiores entre o centro da solda e as arestas.Outras causas incluem um ângulo de eletrodo muito pequeno, um eletrodo amortecido, comprimento excessivo do arco e velocidade lenta.Ocorre com uma depressão, como um entalhe, na borda do cordão de solda.Para corrigir essa descontinuidade, você pode reduzir a corrente ou a velocidade da soldagem.
Respingos:
Ocorre com a projeção de partículas fundidas projetadas para fora do cordão de solda. Para corrigir esta descontinuidade, pode-se reduzir a corrente e controlar a instabilidade na transferência metálica.
Entenda as causa e consequências da geração de respingos na execução do procedimento de soldagem através do artigo Respingo: Um Problema Muito Além da Estética.
Inclusões (Slag Inclusion):
Ocorre com a retenção de materiais sólidos, metálicos ou não, dentro do metal de solda.
Entre as descontinuidades de origem metalúrgica, pode-se citar:
Trincas:
As trincas podem aparecer na zona afetada pela solda (Zona Fundida ou Zona Afetada pelo Calor) devido a diversos fatores, como pela contração do metal em solidificação e pelo crescimento de grãos, e podem ser classificadas como trincas a frio, trincas de solidificação, trincas de liquação e trincas de reaquecimento.
Porosidade:
Ocorre com a formação de bolhas de gás retidas dentro da zona fundida. Pode ocorrer de forma interna e também aflorando na superfície. Para corrigir esta descontinuidade, pode-se corrigir a vazão do gás de proteção e utilizar gases de melhor qualidade (com maior pureza em sua composição).
Referências:
Terminologia Usual de Soldagem e Símbolos de Soldagem, Prof. Paulo J. Modenesi, Universidade Federal de Minas Gerais, Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais, Belo Horizonte. 2008.
Terminologia da Soldagem: Imperfeições dimensionais, de propriedades e descontinuidades, Prof. Dr. Almir Quites. 2011
Metalurgia da Soldagem – Introdução, Prof. Carlos Enrique Niño, Dr. Eng., Universidade Federal de Santa Catarina
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