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Soldagem no Espaço: É Possível?

  A soldagem é a técnica de união de componentes metálicos mais utilizada pela indústria, tanto na fabricação quanto na recuperação de peças e estruturas.

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  Com a demanda por aumento de produtividade e aumento de qualidade metalúrgica, surgem novos processos de soldagem, favorecendo o surgimento de aplicações antes nem imagináveis. De forma análoga à soldagem subaquática, a soldagem no espaço, fora da atmosfera terrestre, apresenta o mesmo desafio: É possível construir estruturas complexas nesses ambientes com soldagem?


  Embora ainda escassamente utilizada na prática, a soldagem no espaço exterior já é um tema estudado há muitos anos. Pode-se citar, por exemplo, experimentos de soldagem no espaço realizados na década de 1960 pelos Estados Unidos e a antiga União Soviética. No entanto, devido ao próprio clima de disputa científica gerado pela Guerra Fria, pouco tem se divulgado sobre os processos de soldagem e sua aplicação em ambiente espacial.


  Uma coisa é clara, a aplicação da soldagem espacial facilitaria muito a manutenção de equipamentos e estruturas desgastados, como na Estação Espacial Internacional. Ainda, o elevado custo com o combustível necessário para levar os veículos espaciais à órbita poderia ser reduzido, levando estruturas complexas ainda desmontadas para a órbita terrestre.



  O ambiente espacial apresenta características próprias que precisam ser consideradas para o desenvolvimento de um processo de soldagem. Estes incluem, por exemplo, o vácuo, a ausência de gravidade e a presença da radiação ionizante constante.


  Enquanto os processos de soldagem a arco necessitariam de gases de proteção sob pressão transportados ao espaço e a construção de câmaras fechadas para a execução dos procedimentos, existem alguns outros processos que se mostram muito vantajosos:


  O processo de soldagem por feixe elétrons, por já depender de uma câmera de vácuo, poderia ser facilmente utilizado no espaço. Esse processo teve experimentos realizado em 1969, em uma missão na nave soviética Soyuz.


  O processo de soldagem Laser também se mostra como uma excelente alternativa para a aplicação espacial, utilizando uma luz de alta energia concentrada, permitindo a aplicação da soldagem com elevada qualidade metalúrgica e velocidade de soldagem.

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  O processo de soldagem Laser está em constante desenvolvimento nas principais universidades e institutos tecnológicos em todo o mundo, e se apresenta como um promissor procedimento de processamento de materiais em diversas aplicações, contribuindo para o aumento do controle sobre o processamento de materiais.


  Trabalhos recentes parecem confirmar esta possibilidade, indicando um aumento de penetração quando a soldagem a Laser é feita em vácuo. Além da soldagem, esse processo pode também ser utilizado para corte, usinagem e marcação de materiais.


  Além dos processos de soldagem por fusão já citados, uma possibilidade são os processos de soldagem por fricção, em especial o processo por fricção com pinos não consumíveis (Friction Stir Welding). Este processo, por não necessitar da fusão dos materiais para a soldagem, é muito promissor ao ambiente espacial. Porém, por lidar com elevados torques envolvidos, pode apresentar um obstáculo na execução em ambiente de gravidade zero.


  Portanto, a soldagem espacial não é um mérito único para filmes de ficção científica, mas uma aplicação perfeitamente plausível que cada vez mais estará nas mentes e nas publicações dos grandes pesquisadores.



 

Referências:


Marques, P., V; Modonesi, P. J.; Bracarense, A., Q.; Soldagem: Fundamentos e Tecnologia, 4ª Edição, 2017, p. 355 – 357

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